sábado, 14 de abril de 2007

O bigode de Dona Glória


Dona Glória perdeu o marido em França, num acidente de carro, quando este ia a caminho de Bordéus, depois das habituais férias de Verão em Portugal. Já lá vão mais de vinte anos. De então para cá, sem a ajuda do emigrado, mas habituada ao trabalho duro do campo, Dona Glória fez o que antes tinham feito os seus pais, e antes os pais destes, tomou conta de ovelhas.
Faça chuva ou faça sol, é vê-la sempre de um lado para o outro, com a força e a genica de um homem, e dos mais fortes. De poucas falas, Dona Glória queixa-se das frequentes inspecções aos animais, e das multas, que “por nada”, garante, lhe tornam ainda mais magro o ganho de cada mês.
Dona Glória só não perde o sorriso claro, e um ligeiro bigode, como convém à sua condição.

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